Opinión

Ecologia e pacifismo

A guerra

Bombas de guerra fazem em ti buracos 
e a calor transforma a areia em vidro
em quanto a branca flor da margarida 
monstra-nos cada primavera
o botão dourado de seu umbigo. 

Lutam os homens
no turreiro improvisado dos horrores.
Por em quanto,
ignorante e impassível a violeta 
entre as bombas sem espanto
lança para o ar 
seu  arrecendo adoçado.

Não há maior agressão para a Terra que a guerra dos seres humanos. E não somente pela quantidade de dejetos maléficos que são deitados no chão, no ar e nas águas, mas também pela desorganização social que as guerras implicam. Desde sempre entre a humanidade apareceram dirigentes e grandes figuras que se opunham à guerra como meio para solventar conflitos: territoriais, econômicos de poder e mesmo de índole sexual como o famoso rapto de Helena por Paris que deu em desencadear a guerra de Troia (segundo as lendas). Sempre as mulheres como objeto de intercâmbio e de poder, nas mitologias mediterrâneas. E sempre as mulheres na defesa da paz. Na mitologia celta a mulher toma poder. Representa a mãe Terra, ao poder criador e vingador de quem a ofende. Nós somos celtas e recriamos as nossas tradições que agromam atravessando as diferentes colonizações: romana, castelhana, ou católica, religião monoteista criada num deserto. Neste momento assistimos ao assalto da paz numa região de grande importância estratégica, a Ucrânia. Lugar de confluência entre oriente e ocidente. Entre a Rússia e a OTAN.

Nós como ecologistas já nos temos manifestado contra a OTAN, pois consideramos que esta é uma ferramenta para a agressão e a bandidagem a escala planetária. Sabemos que o que se está a discutir na invasão por Rusia e na ofendida ocidente (EEUU). São assuntos materiais, recursos de primeira importância como gás natural, carvão, petróleo, multitude de minérios, dos que Ucrânia e uma das primeiras reservas mundiais. Este país era o espigueiro da URSS quando Chernobyl estourou. Como consequência daquele desastre perderam muitos hectares de terra fértil entre outros danos irreparáveis. Agora os abutres planejam sobre o desgraçado território. O grande capitalismo americano desejoso de vender armamento e o russo que não quer perder o controle do que ainda considera sua esfera de influência. Em todo este sarilho Europa fica sem voz porque não sabe o que oferecer e, para o grande capital sempre foi interessante a desestabilização desta, como já acontecera nas duas grandes guerras chamadas mundiais, mas liberadas em solo europeu. Na Galiza estamos a assistir ao assalto do grande capital sobre o nosso território. Piratas dos tempos modernos que se apropriam dos nossos montes e dos serviços ecossistêmicos que eles prestam ao comum (ciclo da água biodiversidade, patrimônio histórico) para instalar campos eólicos, das nossas águas com grandes encoros e do nosso ar para produzir uma eletricidade chamada limpa, mas que não é tal. As mesmas companhias piratas são quem promove guerras para vender armamento ou para se apropriar dos recursos dos povos e mercadejar com eles. Os seres humanos inocentes e a Terra, nossa casa comum, sofrem danos irreversíveis. 

O inimigo não é Putin nem Bidem. O inimigo é um sistema econômico social que só busca o lucro por cima de qualquer consideração. Um sistema imoral cruel insolidário que está a encher o Planeta de poluentes, de dejetos, de CO2 em nossa atmosfera, sem importar que mundo será o que lhe iremos deixar a nossa descendência. Um sistema que consegue juntar nas mesmas mãos poder econômico e político para apropriar-se de todos os bens de produção e de todos os recursos. Que tem no crescimento econômico permanente seu objetivo sem pensar que a Terra, e seus recursos, é limitada, e que a capacidade desta para reciclar o lixo também o é. Um sistema que produz refugiados e órfãos de guerra sem nenhum remorso, um sistema que tem que parar. Do ponto de vista ambiental a guerra é um desastre de difícil arranjo. Muitos conflitos bem graves têm se resolvidos por via do pacifismo. Mostrando a força e a resistência da razão. Gandhi ganhou a batalha da independência da India contra Inglaterra assim. Martin Luther King nunca desistiu do seu pacifismo. Não devemos desprezar o poder da palavra. Muitas vezes é esta a que ganha por cima das armas. E sendo assim, sempre saberemos que a Terra será a beneficiária e nós e nossa descendência com ela. ADEGA já se manifestou contra a invasão do Iraque pelos EEUU. Neste crítico momento voltamos a dizer um rotundo Não a Guerra e Sim a Vida. Sim a um Planeta humanamente habitável e a um ecossistema perdurável. Um não alto e claro a qualquer invasão dum país pela força das armas. Um não ao imperialismo seja quem for o agressor.

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