Opinión

Esforço

Uxía tinha dezoito anos quando começou a trabalhar num Zara nalgum Centro Comercial da Galiza. Como as suas companheiras, durante anos, dobrou muita roupa da multinacional galega. Agora, com trinta e sete e depois de gerar milhares de euros de mais-valia, está no desemprego após um “ERE encoberto”.

Amal entrou pola primeira vez na fábrica de Bangladesh com doze anos. Nunca compreendeu como aquela camisola que se esforçava a produzir se venderia na Europa pola quantidade que ela nem chegaria a cobrar num ano. Amal morreu ao derrubar-se a nave onde estava a ser explorada.

Surpreendentemente, por muito que se esforçárom Uxia e Amal, nunca chegarám ao topo da Inditex. Hoje, os meios burgueses vendem-nos que Marta Ortega chega à presidência de Inditex lembrando-nos que começou dobrando camisas numha loja da Zara. Escuitaremos esse falso mantra de “se te esforçares poderás conseguir o que te propugeres”, “segue os teus sonhos, fai-te a ti mesma”…

O que falha entom no discurso do esforço individual que nos quer vender o capitalismo? Realmente nada, porque conseguírom interiorizá-lo na classe trabalhadora, transformando-a em submissa, acrítica e facilmente explorável ao culpar-nos de nom conseguirmos os objetivos de converter-nos nos Ortegas, Bezos ou Roigs. Evidentemente o capitalismo obvia de maneira voluntária um sem-fim de fatores objetivos, como a desigualdade de oportunidades, que podemos resumir simplesmente em que Marta Ortega é filha do chefe e Uxía nom. 

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